Serra faz ameaças e detém escândalo do Tietê
Na manhã da última sexta-feira,
segundo informações apuradas por este blog, as redações da imprensa
paulista teriam voltado a ser bombardeadas por telefonemas de emissários
ligados ao ex-governador José Serra. Esses telefonemas teriam exigido
que o escândalo do Tietê sumisse das pautas.
Pouco após o alvorecer de 26 de
março último, o portal UOL publicou reportagem dando conta de que foram
jogados no lixo 2 bilhões de reais gastos durante 2005 e 2006 para pôr
fim aos constantes transbordamentos do rio Tietê, pois a limpeza do rio
foi interrompida por Serra, sucessor de Geraldo Alckmin, que fez a
bilionária obra de rebaixamento da calha do rio.
A reportagem do UOL teria sido
produto de uma revolta que, segundo as fontes, cresce nas redações da
imprensa paulista. Em cursos de jornalismo de todo país, o acobertamento
do escândalo do Tietê já teria se tornado referência de promiscuidade
entre o poder público e a imprensa.
A dimensão do escândalo é tão
ampla que se esperava que, com o UOL repercutindo, houvesse maior
veiculação nacional das denúncias contra Serra, sobretudo no Jornal
Nacional. Apesar de algumas veiculações no rádio e amplamente
disseminadas na internet, nas tevês e nos jornais deste sábado a
repercussão foi pífia ou inexistente.
Estaria correndo intramuros, na
imprensa paulista, que a pouca repercussão de uma notícia antiga, a
despeito das perdas imensas – patrimoniais e de vidas humanas – que
causou, dever-se-ia a ameaça que Serra estaria fazendo de que, se o
escândalo provocar investigação séria por pressão da imprensa, fará
“revelações”.
O grande temor de Serra seria a
comparação entre o aumento exponencial dos gastos com publicidade
oficial durante o período de redução dos gastos com a limpeza do rio
Tietê. Acredita-se que, para não estourar o orçamento, Serra retirou de
vários investimentos do Estado os recursos usados para se promover
visando a eleição de 2010.
Segundo o UOL, “(…) a bancada
oposicionista da Assembleia Legislativa anunciou (…) que irá fazer um
requerimento para que o secretário estadual de Saneamento e Recursos
Hídricos, o deputado estadual Edson Giriboni, compareça ao Legislativo
para explicar os motivos que levaram as autoridades a suspender o
trabalho de desassoreamento em 2006, 2007 e 2008”.
Todavia, a oposição paulista
tem dúvidas de que o convite ao secretário será atendido, pois, na forma
como será feito o tal requerimento, o convidado poderá comparecer ou
não. Ainda segundo a oposição, se houvesse convocação a bancada
governista a derrubaria, como já vez várias vezes valendo-se da maioria
que tem.
Vereador da Câmara Municipal de
São Paulo ouvido por este blog afirma que a única possibilidade de se
apurar responsabilidades pelas tragédias geradas pela drástica redução
da limpeza do rio Tietê será através de pressão da imprensa.
Se as denúncias do UOL ficarem
restritas à internet, portanto, várias fontes afirmam que nem o
Ministério Público de São Paulo, nem o Poder Legislativo tomarão
qualquer medida no sentido de esclarecer o caso, restando à população
paulistana a impunidade do crime de redução de obras que redundou em
tragédias que todos conhecem.
A única possibilidade de o
Ministério Público Estadual pelo menos se pronunciar sobre o assunto
será através da provocação. Qualquer parlamentar paulista ou paulistano –
ou qualquer outro cidadão – pode provocar o MPE. Resta saber se alguém
se habilitará a fazê-lo, pois Serra estaria disposto a retaliar quem
tente.
FONTE
http://www.conversaafiada.com.br/pig/2011/03/26/cerra-so-limpa-o-tiete-no-pig/
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